domingo, 27 de janeiro de 2008

A menina que roubava livros

A morte entra em cena como personagem principal.Faz e acontece.Sofre e sente.Parece mesmo gente.Sem rosto, só sentidos, e uma capa preta como fiel escudeira.O título do livro é bem peculiar, cai como uma luva em toda a estória.Liesel é pequena e magricela,tem sonhos e um amigo extremamente leal;tem verdadeiro fascínio pela leitura e pela mágica surreal que algumas palavrinhas proporcionam;tem sede pela criminalidade cultural.A Alemanha nazista é o pano de fundo,enquanto o povo judeu é o mais atingido.A juventude hitlerista era preparada minuciosamente com todo o carinho paradoxal de um rei.Para eles o rei: Hitler. A guerra se expande em proporções devastadoras.Famílias se escondem num porão acolhedor, e cerca de 3 boas almas,porém e ironicamente alemãs,sofem com o sofrimento daquele povo.Sonhar era necessário, foram tempos difíceis p/ aquela menininha.Um "Heil Hitler" aqui e ali, e estava tudo bem.Do final só me resta queixar-me das minhas lágrimas com sabor de teimosia e cheirinho de tristeza.Gostaria que livros como esse não tivessem finais.Mas entao como teve, e como estou curtindo umas férias na praia, resolvi reler o Noites Brancas e outras historias, Dostoievsk.
Ah, vou finalizar com um trecho que me chamou um pouco a atenção, da menina que roubava..

"Ele gostava dos círculos compactos e do desconhecido.
Da agridoçura da incerteza.
De ganhar ou perder."

Beijos

2 comentários:

Eduardo Andrade disse...

Aninha,
Sobre o assunto, escrevi em meu blog em 16.08.07:

"Ao Coveiro

Liesel, personagem do escritor Markus Susak do livro “a menina que roubava livros”, se apossou do “Manual do Coveiro”, e aprendeu a ler com o pai adotivo durante as madrugadas.

Quando jovem, me deparei com uma versão original, do livro “EU” de Augusto dos Anjos, guardado no fundo de um baú de propriedade de minha mãe, o qual traz, em português arcaico, poemas de valores estéticos referidos ao local onde Apolo - o filho de ZEUS – se encontrava com as musas.

Alí, no Monte Parnaso, os abutres e as águias, também, se refugiavam. Talvez por isso, o autor paraibano de “EU”, tenha escolhido a linguagem parnasiana para se expressar.

Enquanto Liesel aprendeu a ler e escrever em um “Manual do Coveiro”, Augusto, cujo sobrenome, tinha Anjos, homenageou o coveiro com versos e, já àquela época, defendeu a natureza em seu poema “As Árvores da Serra”:

Versos a um Coveiro

Numerar sepulturas e carneiros,
Reduzir carnes podres a algarismos,
Tal é, sem complicados silogismos,
A aritmética hedionda dos coveiros!

Um, dois, três, quatro, cinco... Esoterismos
Da Morte! E eu vejo, em fúlgidos letreiros,
Na progressão dos números inteiros
A gênese de todos os abismos!

Oh! Pitágoras da última aritmética,
Continua a contar na paz ascética
Dos tábidos carneiros sepulcrais

Tíbias, cérebros, crânios, rádios e úmeros,
Porque, infinita como os próprios números
A tua conta não acaba mais!"

Abs,

Anonimo disse...

Belo texto, pesado, enigmático. O Dostoiewsky era o cara! Personagens densos, sofridos.

Cheguei aqui por acaso, e gostei bastante dessa tua casa, matérias interessantes, escrita esmerada, parabéns.

Beijos.